Ao comemorar o sucesso da reta final do folhetim Duas Caras, Aguinaldo Silva gaba-se por compor um trabalho que subverte os padrões da teledramaturgia brasileira. O nosso polêmico escritor esquece que, um pouco antes dele, um outro autor, o novato João Emanuel Carneiro, rompe esses padrões, muitos deles estabelecidos pelo próprio Silva, desde sua primeira novela. Da Cor do Pecado, exibida no horário das 19h, em 2004, trazia Taís Araújo como primeira protagonista negra em um folhetim da Globo. Taís, que fez anos antes o papel principal em Xica da Silva, na Manchete, virou atriz fetiche de Carneiro. Em Cobras & Lagartos, de 2006, Taís era a vilã Ellen, personagem que caiu nas graças do povo e, junto com Foguinho vivido por Lázaro Ramos, viveu o primeiro casal negro a protagonizar uma trama. Quem se deleita hoje com a psicose glamurizada de Sílvia, interpretada por Alinne Moraes, esquece que a amoral Leona, vivida por Carolina Dieckmann, era loira, da alta sociedade, fina e também tinha franjão! Ao fazer com que seus personagens em Cobras & Lagartos, pobres e ricos, negros e brancos, lindos e feios, se tornem pessoas sem escrúpulos, Carneiro quebra o paradigma social e estético, e faz da ambição humana a única motivação para justificar atos de maldade em suas novelas.
A Favorita, novela que vai substituir Duas Caras, é de autoria de João Emanuel Carneiro, que foi promovido de horário. Como afirma a coluna de Daniel Castro da Folha de São Paulo, a trama além de trazer personagens negros em cargos de destaque, vai colocar em xeque a sexualidade de muito galãzinho por aí.
Novela de estréia de João Emanuel Carneiro na faixa das 21h da Globo, "A Favorita" (nome definitivo), no ar em 2 de junho, promete polêmicas. Os personagens negros saem da cozinha. Serão ricos, mas corruptos, vaidosos e vingativos.
Interpretado por Milton Gonçalves, Romildo tem potencial explosivo, por ser político. Alicia (Taís Araújo), filha de Romildo, também não é flor que se cheire.
"Alicia vai contratar Halley (Cauã Reymond), um simpático malandro filho de uma cafetina (Elizângela), para se passar por gay e 'sujar' a reputação do ex-namorado dela, um mauricinho machista, junto ao círculo de filhinhos de papai caretas. Ao se fazer passar por gay, Halley despertará o interesse de outro mauricinho, Orlandinho Queiroz (Iran Malfitano), este, sim, gay, mas reprimido, ainda no armário, fazendo questão de posar de hetero, sempre cercado de lindas modelos para aparecer nas fotos, como vários conhecidos nossos de revistas de fofocas", alfineta Carneiro.
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